Tatuagens eletrônicas temporárias podem medir sua atividade cerebral

A imagem cerebral não invasiva geralmente é feita com eletrodos, géis adesivos e fios: uma configuração feia, desconfortável e demorada. Mas os cientistas agora desenvolveram uma possível atualização na forma de tatuagens eletrônicas temporárias.

Essas e-tattoos funcionam através de tinta líquida impressa no couro cabeludo. Em um novo estudo, elas se mostraram tão precisas quanto os métodos convencionais de eletroencefalografia (EEG), sendo muito mais fáceis de configurar. Melhor ainda, elas podem funcionar através do cabelo (desde que seja cabelo curto).

De acordo com os pesquisadores que desenvolveram a tinta, da Universidade do Texas em Austin e da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), essa nova técnica promete avanços no monitoramento de pacientes e diagnóstico de doenças.

A nova abordagem é mais rápida e conveniente do que um EEG tradicional. (de Vasconcelos, Cell Biomaterials, 2024)

“Nossas inovações no design de sensores, tinta biocompatível e impressão de alta velocidade pavimentam o caminho para a fabricação futura de sensores de tatuagem eletrônica no corpo, com amplas aplicações dentro e fora dos ambientes clínicos”, diz o engenheiro elétrico Nanshu Lu, da Universidade do Texas em Austin.

Os pesquisadores dizem que sua nova abordagem é mais confortável para o sujeito, dura mais tempo sem qualquer degradação do sinal e é mais precisa nos dados que coleta. Feitas de polímeros condutores, as e-tattoos são pulverizadas diretamente na cabeça usando uma impressora a jato de tinta personalizada.

Tendo sido previamente utilizadas para medir a fadiga muscular e a frequência cardíaca, essas e-tattoos agora foram demonstradas que funcionam também para a atividade cerebral, com algoritmos especialmente projetados capazes de descobrir onde no couro cabeludo elas devem ser colocadas.

Outras inovações vieram na aplicação da e-tinta para substituir parte da fiação em um EEG padrão. Os pesquisadores conseguiram usar fios convencionais mais curtos para transmitir os dados coletados de volta a um dispositivo de gravação.

“Esse ajuste permitiu que os fios impressos conduzissem sinais sem captar novos sinais ao longo do caminho”, diz o cientista de materiais Ximin He, da UCLA.

Como sempre, há mais trabalho a ser feito. Em seguida, a equipe por trás da e-tattoo quer desenvolver uma maneira de incorporar capacidades de transmissão sem fio nos patches de e-tinta impressos, além de fazer sua tecnologia funcionar com uma gama mais ampla de estilos e tipos de cabelo.

Eventualmente, as e-tattoos também poderiam ser usadas como base de interfaces cérebro-computador (BCIs), dizem os pesquisadores – não apenas lendo a atividade cerebral, mas tentando interpretá-la e usá-la para acionar ações.

Assim como os EEGs, as configurações atuais para BCIs são volumosas e difíceis de gerenciar. Se a tecnologia atual pudesse ser substituída por algo baseado em e-tattoos, ela poderia potencialmente se tornar acessível a um grupo muito mais amplo de pessoas.

“Nosso estudo pode potencialmente revolucionar a maneira como os dispositivos de interface cérebro-computador não invasivos são projetados”, diz o neuroengenheiro José Millán, da Universidade do Texas em Austin.

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